E aí eu vejo coisas com nomes tão próximos ao seu... Que muda só o sobrenome, talvez o jeito da foto ou da expressão. E então eu vejo que teu sorriso continua igual nas mudanças, na simplicidade e no efeito. Balançar os olhos dela. No efeito de fazê-la sorrir ou de sentir raiva de não conseguir odiar nem sequer um pouco essa sua mania de sumiço que reaparece quando menos espera, quando a decisão é não mais te ver, não mais falar com você, tão pouco ainda te escrever... Vejo que ela odeia quando se sente enciumada em vez de sentir-se enfurecida com tua ausência tão silenciosa que chega a gritar.
Que de tudo que ela aprendeu, deletar memórias e reações é o que não consta... E aí, ela sorri quando te vê, suspira em reprovação e lembra que não adianta tentar detestar, que quanto mais tentar, ainda mais vai se lembrar. Lembrar da música que ela aprendeu a ouvir, da pergunta que você aprendeu a fazer e das manias que resolveram aceitar. Mas que não é pra sempre. Até porque, o pra sempre mais longo durou até o fim da tarde. Da tarde de um sábado tedioso. Cheio de você e vazio de vocês. Cheio das risadas e vazio de graça. Cheio. Cheio de falta, cheio de sobra, cheio de dispensável para o tempo todo e de indispensável para um tão único momento. Vazio do mais simples. Vazio de uma simples tarde de sábado. Vazio de um cinema, de uma pipoca ou um chocolate quente acompanhando uma boa música para um dia frio.
Que tudo que ela viveu, e olha, foi tão pouco, talvez esta seja a primeira vez, que tanto desejou não ver alguém, não ouvir a voz, tão pouco estar assim, tão perto. Mas dessa vez ela quis e não quis estar perto de você, ouvir sua voz pelos corredores, ou te encontrar quase diariamente. Desta vez, quis não querendo, e até não podendo, diga-se de passagem, receber seus textos curtos, suas frases de tão ampla interpretação e seus sorrisos que... ah, nem precisa comentar. Não quis, já querendo, sua expressão sem graça, de tédio ou até de observação.
Logo você, que é assim, só um cara. Só porque tem gostos musicais que a agradam, só porque tem uma linha de raciocínio que a conquista e só porque atingiram de maneira tão parecida o psicológico de ambos e são tão mutáveis, surpreendentes e parecidos... Assim, só por isso, ela pensa em querer não te querer mais. Por querer demais e (poder?) de menos... Por se aproximar muito e precisar, ou não, afastar-se mais. Só por saber que ainda que tão parecido com o dia anterior, hoje já não seria igual. Algo teria mudado. Uma expressão, um encanto ou desencanto, interesse ou desinteresse, evolução ou regressão... Mas algo tornaria diferente.
E aí eu vejo coisas com nomes tão próximos ao seu... Que muda só o sobrenome, talvez o jeito da foto ou da expressão. E então eu vejo que o que muda é não ser você.
As cartas que eu não mando.